sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

TEXTO: PECHADA



Pechada
Luis Fernando Veríssimo



O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo chamado de “Gaúcho”. Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.
     Aí, Gaúcho!
     Fala, Gaúcho!
     Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações?
     Mas o Gaúcho fala “tu”! – disse o gordo Jorge, que era quem mais implicava com o novato.
     E fala certo – disse a professora. – Pode-se dizer “tu” e pode-se dizer “você”. Os dois estão certos. Os dois são português.
O gordo Jorge fez cara de quem não se entregara.
Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera.
     O pai atravessou a sinaleira e pechou.
     O quê?
     O pai. Atravessou a sinaleira e pechou.
      A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma sinaleira e pechara. Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.
        O que foi que ele disse, tia? – quis saber o gordo Jorge.
     Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.
     E o que é isso?
     Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.
     Nós vinha...
     Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto.

      A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito.
      “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto” era automóvel, carro. Mas “pechar” o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada.
     Aí, Pechada!
          Fala, Pechada!
In: Revista Nova Escola Maio 2001 – p. 34 e 35.



     Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto.
      A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito.
      “Sinaleira”, obviamente, era sinal, semáforo. “Auto” era automóvel, carro. Mas “pechar” o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada.
     Aí, Pechada!
          Fala, Pechada

INTERPRETAÇÃO:

01.             “O apelido foi instantâneo.”

Complete:
Isso aconteceu porque ...
Resposta:  ... ele era gaúcho.
02.          Todas as afirmativas foram explicações da professora aos alunos, EXCETO:

A)         Existem pessoas que falam diferente por serem de outras regiões do país.
B)         No Brasil há variações regionais.
C)        É possível usar corretamente as palavras “tu” e “você” ao elaborar frases.
D)        Cada região do Brasil possui uma língua.
E)         As diferenças regionais no Brasil são pequenas, apesar da grandiosidade do país.

Resposta: Letra D



 
03.            “O gordo Jorge fez cara de quem não se entregara.”

A)         Fazer cara de quem não se entrega é o mesmo que ...

Resposta: ... não se deu por convencido
B)         A comprovação dessa atitude de Jorge aparece em outras situações no texto. Encontre uma e transcreva-a.

Resposta:  ”O que foi que ele disse, tia?”

04.          Observe:



 
“A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir.”



 
“A professora varreu a classe com seu sorriso.”

Dessas passagens pode-se deduzir que a professora:

A)         não poderia sorrir no momento da fala do aluno.
B)         deveria impor respeito diante da situação.
C)        julgou o assunto sério, porém engraçado.
D)        não queria que os colegas rissem do Gaúcho.
E)         procurou disfarçar o fato de não saber o que realmente havia acontecido.
Resposta: letra E



 
05.           “O pai atravessou a sinaleira e pechou.”

De que maneira você explicaria esse acontecimento à sua professora?

Resposta: Meu pai ultrapassou o sinal e bateu.

06.          No início do texto:



 
“– Aí, Gaúcho!
– Fala, Gaúcho!”

No final do texto:



 
“– Aí, Pechada!
        Fala, Pechada!”


O que você pensa do ato de “apelidar” uma pessoa? Explique.

Resposta: resposta pessoal do aluno.

07.          A passagem não corresponde à idéia entre parênteses em:

A)         “Não podia admitir que não o entendera.” (humildade)

B)         “Só muitos dias depois a professora descobriu que “pechar” vinha do espanhol...” (descoberta)

C)        “Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera.” (justificativa)

D)        “Podia estar, naquele momento, em algum hospital.” (suposição)

E)         “Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente.” (curiosidade)

Resposta: letra A

08.          Leia:
O problema de comunicação mostrado na tirinha é o mesmo do texto “Pechada”? Explique-o.

Resposta: Sim, nos dois, parece que o que se diz não é bem entendido.

09.          Observe a fala do Gaúcho e complete-a, de acordo com sua imaginação: (0,6)

Nós vínhamos ________________________, quando ____________________________,
porém _____________________________.
Resposta: resposta pessoal do aluno.

8 comentários:

  1. Gostaria de visualizar a tirinha que se refere na questão 8.

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  2. a palavra carregado pode ser substituido sem alteração de sentido por:
    a) acentuado
    b)aliviado
    c)esvaziado
    d)gaucho

    estou precisando de ajuda nessa questao ai.

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  3. Obsereve a fala de Jorge sublinhada na linha 11.Considere a autuação em que foi empregada,qual era a posição de Jorge a respeito do uso do pronome "tu"?Explique.

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  4. Quais são os adjetivos no primeiro parágrafo?

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  5. A professora varreu a sala com seu sorriso?! Não entendi!😶😮

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  6. A professora varreu a sala com seu sorriso?! Não entendi!😶😮

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  7. muito obrigado!!!!! questoes estavam na minha prova de vestibular

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